No ambiente contábil, desde a formação acadêmica, o contador está habituado à premissa de que a ciência da contabilidade é aliada na gestão dos negócios, não é mesmo? Afinal o domínio das “contabilidades” é a arte do contador.
Ao iniciar os estudos nessa área de conhecimento, aprendemos e conhecemos a contabilidade de custos, pública, gerencial, fiscal, social, financeira e geral. Cada uma com suas especificidades e área de atuação, com a finalidade de auxiliar os gestores públicos ou da iniciativa privada no planejamento e tomada de decisões.
Com base nos quatro pilares da administração, a saber: planejar, organizar, dirigir e controlar, que entra o papel importante da contabilidade aplicada à gestão de crise.
De forma geral, as empresas estão passando por situações novas e totalmente inéditas. Nós contadores e os empresários brasileiros não havíamos realizado um planejamento específico para algo semelhante a pandemia e ao distanciamento social gerado. Fomos surpreendidos pelo Covid-19, e isso mudou a rotina subitamente.
Contudo, temos que ressignificar muitas coisas nesse período. Afinal, a disciplina “gestão de crise” é aprendida na prática e não nos bancos das universidades. Então este é o momento de usar a criatividade, o conhecimento e quebrar paradigmas.
Neste artigo vamos abordar o tema da da contabilidade consultiva, apresentando estratégias de como como ajudar o cliente a preservar os negócios e ter capacidade de retorno ao mercado.
1. Prepare-se para ser contador 2.0
Estamos vivendo na era da contabilidade 2.0, e o profissional da área precisa estar preparado para isso.
A consultoria é tendência mundial emergente e aqueles que não aderiram a essa linha, e ainda estão na zona de conforto estão sendo, ainda mais, surpreendidos pelas consequências da pandemia. Os contadores precisam estar atualizados sobre esse tema para que possam sobreviver às mudanças e dar suporte aos clientes.
É muito importante estar preparado para as mudanças, um novo formato de trabalho se impõe por meio da transformação digital e uso de soluções tecnológicas. Nota-se que foram agregados ainda mais valores a dois itens essenciais, os quais não podemos tocar, por não terem existência física, mas que tornaram se preciosos: tempo e informação.
2. Papel importante do contador na crise
O contador terá papel importante na passagem de mais essa crise. O empresário está acostumado em ter confiança e pedir conselhos no dia a dia contábil. Contudo, dessa vez vai precisar de muito mais que isso.
São muitas ações e decisões a serem tomadas para lidar com os diversos problemas relacionados com a situação de pandemia, com por exemplo:combater a disseminação da pandemia, resguardar a saúde de seus colaboradores e clientes, preservar os negócios, interromper as atividades ou mudar a forma de trabalho para remoto. Depois de tudo isso levantado precisará ser colocado em prática de maneira rápida e assertiva.
O suporte do contador com habilidades e competências de engajamentos, bem como, pensar em atitudes de mudanças, abordagem de oportunidades e soluções de problemas farão toda diferença no futuro da empresa do seu cliente.
3. Minimizando os efeitos da crise por meio da gestão
Busque ajudar o cliente a planejar e alinhar as estratégias. Alguns pontos que estavam esquecidos e desgastados no período anterior à pandemia, mas que era possível de serem driblados e deixados para depois. Agora são imperativos de se resolver, os principais são:
- Desconhecimento do mercado;
- Desconhecimento do produto e/ou serviço;
- Falta de qualidade;
- Localização imprópria;
- Problemas na relação com os fornecedores;
- Tecnologias de produção e venda obsoletas;
- Imobilização excessiva do capital;
- Política equivocada de crédito;
- Falta de controles de custos e de gestão financeira;
- Falta de um sistema de planejamento e informações gerenciais.
É necessário observar que a maioria desses dados a contabilidade já dispõe. Se traduzirmos para uma linguagem gerencial, tais como planilhas e gráficos, é possível então entender com mais clareza e objetividade quais passos precisam ser tomados.
Lembrando ainda que a abordagem crítica dos pontos mencionados acima deve ser conduzida de forma a levar o empresário a reflexão do custo x benefício, do grau de importância e de como cada um desses pontos se repercutem nos negócios.
4. Estratégias para adequação ao período de calamidade pública.
A medida que o quadro no país foi se agravando em decorrência da pandemia, o clima de incerteza se instalou. Diante disso, tivemos uma avalanche de leis, decretos, medidas provisórias e notas técnicas com a tentativa de amenizar a situação.
Lidar com tudo isso não é uma tarefa fácil, mas necessária. O cliente está cheio dúvidas e decisões precisam ser tomadas de forma rápida. Busque ser ágil no entendimento para amparar de maneira confiável as ações da empresa, e invista na aplicação prática do que melhor se atende a realidade do cliente, conforme apresentado abaixo:
- Análise do quadro de funcionários: isolamento dos pertencentes ao grupo de risco, simulações e cálculos para redução/suspensão do contrato de trabalho ou férias;
- Redução da remuneração dos sócios;
- Orientação na renegociação de contratos e prazos, ponto importante para honrar com compromissos assumidos e não se tornar inadimplente, garantindo assim acesso às linhas de crédito;
- Replanejamento financeiro para preparar-se para a queda de receita;
- Administração minuciosa das despesas;
- Ter foco nos produtos de giro e retorno rápido;
- Estudos de novas de atuação, vendas on-line, drive thru;
- Análise das opções de crédito oferecidas pelo governo;
- Avaliação de aplicação das prorrogações de impostos e tributos, o quanto será útil no momento e o peso que terá futuramente ao acumular.
Essa não é uma empreitada solitária. Mas fato é que desde o levantamento de informações até o detalhamento das ações, o empresário deverá estar envolvido e disposto a encontrar junto com o contador as melhores alternativas para o negócio.
5. Ações no presente de no olho no futuro.
É importante destacar que serão necessários esforços coletivos e coordenados para gerir essa crise, tão atípica, que requer estar atento e ser capaz de perceber as oportunidades que o mercado oferece.
O futuro das empresas, inclusive da contábil está na capacidade do gestor e contador, de inovar e se adaptar às mudanças. Ter objetivos definidos e não focar no problema e sim na solução deles.
As decisões tomadas no atual momento econômico refletirão nos próximos meses e até anos, por isso é importante a busca por competitividade com responsabilidade e inovação.
Se você tiver dúvidas sobre o assunto ou desejar fazer suas considerações, deixe seu comentário ou escreva diretamente para a autora: mariaogelia@vamosescrever.com.br.